Interrupção de Tratamento de Tuberculose em Usuários de Substâncias Psicoativas, no Estado do Rio de Janeiro, de 2016 a 2022
Tuberculosis treatment interruption in Psychoactive substances users in the Rio de Janeiro state, from 2016 to 2022
DOI:
https://doi.org/10.71209/repis.2025.3.e.0355Palavras-chave:
Tuberculose, Drogas Ilícitas, Alcoolismo, Notificação de DoençasResumo
O objetivo do trabalho foi de descrever a magnitude da associação entre tuberculose e uso de Substâncias Psicoativas (SPA) e interrupção do tratamento de tuberculose em usuários de SPA, estabelecendo as relações entre eles e os demais casos de tuberculose notificados no estado do Rio de Janeiro, no período de 2016 a 2022. Estudo de coorte retrospectivo com dados do SINAN-TB. Foram encontradas 25.705 (23,8%) notificações de tuberculose em usuários de SPA. O uso de álcool e drogas ilícitas teve associação com desfechos desfavoráveis nos casos novos (drogas ilícitas isoladamente aRC=2,31, IC95%=2,12-2,52), ou em conjunto com álcool (aRC=2,42, IC95%= 2,20-2,67) e nos retratamentos (drogas ilícitas isoladamente aRC=2,10, IC95%=1,83-2,39), ou em conjunto com álcool aRC=1,99 (IC95%=1,73-2,30). O uso isolado de álcool contribuiu para desfechos desfavoráveis em uma proporção menor de casos, tanto nos casos novos (aRC de 1,29, IC95%=1,17-1,43), como nos retratamentos (aRC=1,24, IC95%=1,05-1,47). O uso de SPA está associado a maiores chances de interrupção do tratamento da tuberculose. Entretanto, vulnerabilidades comuns aos doentes de tuberculose, usuários e não usuários de SPA, indica que outros estudos são necessários para esclarecer as associações.
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