EDITORIAL


A segunda edição da REPIS (Revista de Educação, Pesquisa e Informação em Saúde), reafirma o compromisso com o compartilhamento de saberes que contribuem para o aprimoramento das práticas em saúde, unindo análises críticas, experiências bem-sucedidas e propostas inovadoras em diferentes áreas do setor de saúde.


O corpo editorial composto nessa edição por profissionais das suas mais diversas áreas técnicas, em parceria com avaliadores externos de instituições que desempenham protagonistas na saúde pública, como UNIRIO, UERJ e Hospital Infantil Ismélia da Silveira. Esta composição garante a qualidade e a relevância dos trabalhos que serão publicados em nossa revista, abrangendo temas que vão desde educação e políticas públicas até epidemiologia e segurança do paciente.


Nesta edição foram selecionados seis artigos que abordam temas amplos e interdisciplinares, oferecendo subsídios para reflexão e ação em áreas cruciais para o sistema de saúde, desde a discussão sobre acidentes ofídicos, passando pela violência obstétrica e estratégias de comunicação em saúde até acesso e acolhimento da população LGBTQIA+.


A análise sobre acidentes ofídicos no estado do Rio de Janeiro ressalta a necessidade de modernização dos sistemas de informação e capacitação das equipes para garantir a precisão dos dados e, consequentemente, a eficácia no tratamento com soros antivenenos. A pesquisa evidencia que a informatização, como a implementação do e-SUS SINAN, pode ser uma solução essencial para aprimorar a coleta e análise de informações, reduzindo inconsistências e classificações imprecisas.


O segundo artigo aborda a violência obstétrica com profundidade, revisitando um problema que transcende o campo da saúde e reflete questões estruturais e de relações de poder. A revisão narrativa destaca como a negligência, o desrespeito e a falta de protagonismo das parturientes geram impactos profundos no ciclo gravídico-puerperal. Nesse cenário, o psicólogo hospitalar emerge como um ator fundamental, promovendo escuta qualificada, acolhimento e iniciativas que visam a ressignificação das experiências dessas mulheres, além de sensibilizar outros profissionais sobre a importância da humanização no atendimento.

Em dois artigos, a educação permanente em saúde é apresentada como um eixo transformador nas práticas do SUS, com relatos que ilustram a eficácia de iniciativas como a capacitação em Maricá e o projeto "Protogames". A capacitação com agentes comunitários de saúde e auxiliares administrativos demonstrou como metodologias interativas, alinhadas aos princípios da Política Nacional de Humanização, podem transformar processos de trabalho e a relação dos profissionais com a comunidade. O uso da gamificação, por sua vez, mostrou-se uma ferramenta inovadora e acessível para engajar equipes, reforçar protocolos institucionais e promover o aprendizado contínuo, mesmo em contextos de restrições orçamentárias.


Nesta edição, também são apresentados dois artigos que ampliam ainda mais o debate sobre comunicação e inclusão no SUS. A análise das disputas de informação sobre o SUS nas redes sociais, especialmente no X/Twitter durante o ano eleitoral de 2022, destaca o papel crescente das plataformas digitais como espaço de debate público. O estudo revelou a predominância de usuários comuns, seguidos por atores políticos e midiáticos, enquanto profissionais da saúde tiveram participação limitada. Essa ausência aponta para a necessidade de maior engajamento da categoria no ambiente digital, visando fortalecer a compreensão pública sobre a importância do SUS.


O artigo sobre o acesso e acolhimento da população LGBTQIA+ na Atenção Primária à Saúde revela fragilidades no atendimento devido a preconceitos e estigmas reproduzidos no sistema de saúde. A pesquisa destaca a necessidade de processos formativos que promovam uma visão ampliada e inclusiva, garantindo acolhimento integral e reduzindo barreiras de acesso para essa população. Esses estudos reforçam a centralidade da humanização, inovação e formação continuada como pilares para a construção de um SUS mais justo e eficiente, capaz de responder às demandas de uma sociedade plural e em constante transformação.


Esses seis artigos apresentam diferentes faces de uma mesma missão: fortalecer o Sistema Único de Saúde por meio da inovação, do conhecimento e da humanização. Ao explorar desafios e soluções que afetam diretamente a população e os profissionais de saúde, esta edição reflete nossa convicção de que a melhoria da saúde pública está profundamente ligada à produção e à difusão do conhecimento.


Convidamos todos a mergulhar nestes textos e somar-se a esta construção coletiva de saberes em prol de uma saúde cada vez mais equitativa e resolutiva.

Mais uma vez deixamos expressa a nossa gratidão a todos os editores, autores, avaliadores e equipe técnica que possibilitaram a realização desta edição.


Boa leitura!


Marcela Cunha; Leticia Barbosa Quesado; Letícia Rodrigues Melo; Cristina Tavares dos Santos; Natália Palmeira


Equipe editorial da REPIS

Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ)