AS DISPUTAS DE INFORMAÇÃO SOBRE O SUS NO X/TWITTER: ATORES, TEMÁTICAS E POSICIONAMENTOS NO ANO POLÍTICO ELEITORAL DE 2022


Krystal Urbano, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

ORCID: 0000-0002-0918-8383

Thaiane Moreira de Oliveira, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8588-3548

José Henrique Cabral de Paiva Filho, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.


RESUMO


O artigo analisa as disputas de informação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) ocorridas no ambiente do X/Twitter durante o ano político eleitoral de 2022. Nosso corpus consistiu em 226 postagens identificadas a partir da base de dados do X/Twitter, utilizando a API pelo pacote academictwitteR. Os resultados mostram a predominância de usuários comuns da rede social como a maior composição dos atores que mencionam o SUS, seguido por atores do campo político e midiático. Apontam também para uma baixa presença de profissionais da saúde na discussão sobre a qualidade do atendimento na instituição. Identificou que entre os discursos mais presentes estão à defesa da instituição, destacando temas como "O SUS no debate político eleitoral" e "Cortes e Desvios de Orçamento do SUS". Os campos político e midiático tiveram como foco um debate sobre questões orçamentárias no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Em contraste, o campo da saúde abordou temas relacionados ao "O SUS no debate pós- pandemia" e a "Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos".


Palavras-chave: Informação; Disputas; Sistema Único de Saúde; X/Twitter; Eleições 2022.


INTRODUÇÃO

Estudos mostram que o fenômeno das disputas sobre a informação em saúde teve um crescimento vertiginoso desde o último decênio, tornando-se uma preocupação compartilhada entre diversos países do mundo (Bradshaw; Howard, 2018; Oliveira; Quinan; Toth, 2020; WHO, 2020; Falcão; Oliveira; Araujo, 2022; Massarani; Oliveira, 2023). As plataformas das redes sociais digitais ofereceram os meios pelos quais a infodemia pudesse se disseminar plenamente no período da pandemia da Covid-19 (Posetti; Bontcheva, 2020; OPAS, 2020; Massarani et al., 2021a). No Brasil, como ocorreu com outras epidemias recentes como a de Zika (2015-2016) e febre-amarela (2016-2018), a circulação de informações contraditórias foi uma marca autoevidente do debate público sobre a Covid-19 e a politização dos usos de máscaras, vacinas e medicamentos (como a hidroxicloroquina e a ivermectina) teve impactos cruciais no seu desdobramento (Araújo; Oliveira, 2020; Oliveira et al., 2021; Recuero; Soares; Zago, 2021).


Embora as disputas sobre a informação em saúde nas mídias sociais não se apresentem como uma agenda nova na interface de estudos das áreas de Comunicação e Saúde do Brasil, ela passou a ser uma temática que ganhou destaque depois da pandemia (Amaral et al., 2022; Massarani et al., 2021b; Sacramento; Paiva, 2020), sobretudo, devido à dimensão que o fenômeno alcançou no debate político nacional. De fato, o governo federal, por meio da sua principal autoridade sanitária, o Ministério da Saúde (MS) e do ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, foram agentes ativos na grande onda de desinformação sobre o coronavírus no período da pandemia (Gramacho et al., 2021; Lopes; Leal, 2020). Entre 2020 e 2021, o Brasil teve três ministros da saúde e uma inércia deliberada por parte do governo federal no enfrentamento da Covid-19 se revelou de maneira bastante contundente, fortalecendo o cenário de polarização política e do hiperpartidarismo no ambiente das redes sociais digitais (Pinto; Carvalho, 2023; Recuero; Soares; Zago, 2021).

Com efeito, o fenômeno da disputa sobre a informação em saúde ganha novo impulso diante de um cenário de crise da democracia e polarização política já consolidado no país, bem como se beneficia da radicalização de diferentes atores no universo das redes sociais digitais (Albuquerque, 2019; Oliveira; Quinan; Aragon, 2020; Recuero; Soares; Gruzd, 2020). De fato, antes mesmo do período pandêmico, as plataformas de mídias sociais – juntamente com outros canais de produção de informação - vêm funcionando como um espaço profícuo para o espalhamento do negacionismo e de teorias da conspiração, o que coincide com o avanço da extrema- direita no cenário global e uma crise institucional epistêmica (Albuquerque; Quinan, 2019; Oliveira, 2020). Tal crise epistêmica, intensificada durante a pandemia, refere-se à contestação e deslegitimação persistente da expertise científica, da integridade da profissão médica e das instituições públicas de saúde, minando a formulação de políticas públicas baseadas em evidências (Harambam; Auspers, 2015; Oliveira, 2020; Regilme, 2023). No Brasil, uma destas instituições de saúde que tem sido alvo de contestação e disputas é o Sistema Único de Saúde (SUS).


O SUS tem sido uma instituição privilegiada nas disputas de informação sobre saúde observadas no ambiente midiático e digital. Especialmente, no período da pandemia, discursos sobre uma pretensa incapacidade do SUS ser gerido e operado emergiram no debate público, revelando um cenário de descrença institucional compartilhado por diferentes atores em relação a esse sistema (Silva; Ruiz, 2020). O ano político eleitoral de 2022 representou uma importante guinada nas formas de enfrentamento do fenômeno da desinformação, como também foi palco de uma significativa mudança de narrativa sobre o Sistema Único de Saúde no debate público digital (Pinto; Carvalho, 2023). Em meio a uma disputa eleitoral, a imagem do SUS perante a opinião pública foi instrumentalizada politicamente no ambiente das redes sociais digitais em repertórios discursivos sobre o papel do Estado e da saúde pública como bem comum (Henriques; Vasconcellos, 2020).

Assim, esse artigo analisa as disputas de informações sobre o SUS ocorridas no ambiente do X/Twitter durante o ano político eleitoral de 2022. Busca-se, por um lado, identificar e categorizar os diferentes atores que mobilizaram os discursos sobre o SUS na referida plataforma e, por outro, revelar as temáticas e posicionamentos recorrentes nas disputas pela construção de sentido sobre a instituição nas redes sociais digitais, dada a relevância que o debate sobre a saúde pública alcançou nas últimas eleições presidenciais no Brasil.


METODOLOGIA


Neste artigo, buscamos compreender as disputas discursivas na circulação de informações sobre o SUS no X/Twitter no ano político eleitoral de 2022. Optou-se por utilizar metodologia mista, combinando técnicas de análise de conteúdo e análise temática (Kim; Kuljis, 2010; Neuendorf, 2019). Com isso, a fase metodológica da pesquisa contou com três etapas distintas. Na primeira, foi realizada a busca e coleta de tweets. O corpus foi, portanto, constituído na segunda etapa, respeitando critérios de inclusão e exclusão. Por fim, os tweets elencados passaram pela análise de conteúdo e análise temática, cujo objetivo foi compreender os sentidos atribuídos por diferentes atores ao SUS no debate público no ambiente do X/Twitter, dada a grande relevância que o discurso (em defesa ou favor) do SUS adquiriu ao longo das eleições presidenciais de 2022. Optamos por uma análise qualitativa manual realizada no Excel, onde cada tweet do corpus foi lido e analisado em sua integridade e totalidade.


Coleta de dados:

Os dados utilizados neste estudo foram extraídos da plataforma X (antigo Twitter), por meio da API disponibilizada pelo pacote academictwitteR. No total, foram obtidos 1.250.675 resultados em formato JSON. Em seguida, foi realizada uma amostragem aleatória de 500 tweets. A seleção aleatória foi realizada utilizando o método de amostragem simples, no qual cada tweet tinha a mesma probabilidade de ser escolhido, sem reposição. O processo foi conduzido por meio de uma função de geração de números aleatórios, garantindo a imparcialidade na escolha dos tweets que compõem o corpus documental. Os filtros utilizados nas pesquisas contemplaram as informações apresentadas na Quadro 1.


Os dados foram convertidos para o formato csv, contendo inicialmente na tabela: quantidade de retweets, conteúdo em texto, link para imagens, número de curtidas, tipo do tweet (retweet, resposta ou tweet original) e se a plataforma classificou o conteúdo como sensível ou não. Todas as buscas foram realizadas no dia 15 de março de 2023.


Seleção do corpus:


A partir de 500 entradas, realizou-se uma análise minuciosa das postagens coletadas para compor nosso corpus. Para isso, estabelecemos critérios de inclusão e exclusão com teor indutivos que foram deliberados em consenso pelos autores, explicitados na Quadro 2.


Os resultados duplicados (n=61) foram descartados do corpus. Os demais (n=439) passaram por seleção que aderiu aos critérios expostos, classificando os resultados em ‘incluir’, ‘excluir’ e ‘dúvida’. Aqueles que apresentaram incerteza sobre sua inclusão foram deliberados em reunião conjunta entre os autores, que, consequentemente, exigiram o refinamento dos critérios estabelecidos. Por fim, um total de n=274 tweets não demonstrou adesão com a questão de pesquisa e atenderam aos critérios de exclusão. Portanto, foram analisados n=226 tweets que compõem o corpus final do artigo.


Tratamento dos dados:

Os autores realizaram uma reorganização da tabela a partir da definição do corpus final, com o objetivo de coletar as seguintes informações: texto do tweet/retweet/resposta, tipo de usuários/atores, links da informação ou desinformação (quando disponível). Os processos seguintes foram: a) classificação dos tipos dos usuários/atores e b) criação de categorias de análise. Para a categorização dos atores, foram definidas quatro categorias, com base em estudo anterior (Carvalho et al., 2023):

a) atores do campo político; b) atores do campo midiático; c) atores do campo da saúde e d) usuário da rede social.


Para a análise dos tweets, foram propostas duas categorias: temas e posicionamentos. As variáveis temáticas foram definidas a partir de uma primeira análise qualitativa temática das publicações, o que nos permitiu agrupá-las conforme os temas presentes nos tweets a respeito do SUS. Cada post foi codificado com apenas uma variável.


Já os posicionamentos foram classificados a partir da Análise de Conteúdo, entendida como um conjunto de técnicas que visa obter indícios, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, para a produção de inferências sobre essas mensagens. Na categoria posicionamento, classificamos a posição dos usuários/atores, quanto ao SUS, em três variáveis: “a favor” para as postagens com viés positivo; “contra”, para as publicações com valência negativa, e “neutro” para as publicações em que não se emitiu juízo de valor sobre a instituição.


RESULTADOS


Os resultados apontam para a predominância de usuários comuns da rede social (55,3%) como a maior composição dos atores que mencionam o SUS, seguido por atores do campo político (19,9%) e midiático (18,6%). Percebe-se uma baixa presença de profissionais da saúde na discussão sobre o SUS no X/Twitter em 2022 (6,2%).

Foram identificadas cinco temáticas que levaram em consideração as características do corpus selecionado para o estudo e os assuntos abordados junto à questão da Saúde Pública. O Quadro 3 apresenta em detalhes essas variáveis:


Embora narrativas sobre o sucateamento e desmonte da saúde pública, demora no atendimento e a falta de acesso a tratamentos e medicamentos continuem fazendo parte do repertório discursivo de diferentes atores, por se caracterizar numa realidade bastante concreta na saúde pública brasileira, a defesa e valorização sobre o papel do Estado como garantidor da saúde como direito universal obteve elevada importância nos debates que aconteceram no X/Twitter durante as eleições presidenciais em 2022. Assim, os principais temas abordados nas postagens foram “Cortes e Desvios de Orçamento” (27,0%) e “O SUS no debate político eleitoral” (21,7%): juntas, as duas variáveis reuniram 48,7% dos posts. Em terceiro lugar, apareceu a variável “O SUS no debate pós-pandemia”, representando 19,5% das publicações. Na sequência, “Qualidade e Acesso” com 17,3% e “Crise, Desmonte e Privatização” com 14,6% dos posts analisados. A Tabela 1 apresenta em detalhes a distribuição das postagens por variáveis temáticas.


No que diz respeito às publicações em torno do tema “O SUS no debate político eleitoral”, nota-se uma percepção geral dos atores que compreendem o hiperpartidarismo (em especial, o bolsonarismo) como um problema que compromete a gestão da saúde pública brasileira. Ganha destaque nessas publicações a hashtag #DebateNaGlobo, em referência aos debates realizados pela Rede Globo no primeiro e segundo turno das eleições presidenciais. Nestas ocasiões, os candidatos Jair Bolsonaro e Lula defenderam suas propostas para o SUS num cenário pós-pandemia, como também acusaram mutualmente sobre problemas na gestão do SUS em seus mandatos. Em particular, a discussão ocorrida entre os candidatos sobre a questão do aborto no debate do segundo turno das eleições, revela as contradições de ambos os candidatos sobre o tema, tendo ampla repercussão nas postagens que compõem essa variável.

Já nas publicações em torno do tema “O SUS no debate pós-pandemia”, observa-se uma predominância de tweets sobre a Covid-19 e suas variáveis circulantes, possíveis efeitos da vacina, o aparecimento de outras doenças (como a meningite e poliomielite) dada à baixa cobertura vacinal e problemas em dados estatísticos sobre a vacinação. O acesso gratuito a medicamentos para tratamentos raros e a emergência de uma possível nova onda da Covid-19 também compuseram uma parte significativa dessa variável.


Na temática “Crise, Desmonte e Privatização do SUS” destacaram-se postagens sobre a (in)eficiência da gestão do SUS, a ausência de estratégias do Governo Federal e, em especial, do Presidente da República no combate à pandemia e na aquisição de vacinas. Nessa categoria se revelam as discussões em torno de uma possível privatização do SUS recuperadas a partir das percepções dos atores sobre os posicionamentos do candidato à presidência pelo Partido Novo, Felipe D’Avila e da atual Ministra do Planejamento e Orçamento, então candidata à presidência, Simone Tebet, em ocasião do segundo debate presidencial transmitido pela Rede Globo. Já a temática “Cortes e Desvios de Orçamento do SUS” ganhou centralidade logo após as primeiras prisões pela operação batizada de “Orçamento Secreto” serem realizadas antes do segundo turno das eleições, o que pode ter influenciado o resultado das eleições presidenciais. A operação investigou o desvio de 69 milhões de reais do SUS no Maranhão, cujo esquema funcionava da seguinte forma: as prefeituras registravam atendimentos médicos e consultas que nunca existiram, e enchiam o cofre com dinheiro vindo de emendas parlamentares do orçamento secreto (PIAUÍ, 2022). Tal escândalo, envolvendo diretamente o governo Bolsonaro, reverberou no Twitter, como mostra a postagem a seguir:


BOLSONARO ROUBOU O SUS - Apenas em UM esquema que a PF desvendou e cujas prisões foram feitas hoje, estamos falando R$ 69 milhões de reais ROUBADOS, isso durante a pandemia enquanto brasileiros morriam!! Não vai dar na Globo (se der, não vão citar o nome do Bolsonaro)!!.

Outras postagens que discutiam os cortes e possíveis desvios no orçamento da Saúde nos governos Lula e Bolsonaro foram polarizadas. Usuários afirmavam que houve “Destruição do SUS – Paulo Guedes e Bolsonaro cortaram R$ 70 bilhões do SUS. Você que depende do SUS corre sério risco de ficar sem a saúde pública. Guedes/Bolsonaro querem destruir o SUS e criar os "vouchers" para dar lucro para o setor privado” ou que


O PT desviou 242,4 bilhões da saúde, fechou 40 mil leitos de uti, cancelou 5 vacinas do calendário do SUS, fez estádios ao invés de hospitais, matando milhões de pessoas por falta de leitos e tratamentos, ñ investiu em saneamento básico onde morreram de diarréia.


Por fim, em “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos”, críticas e elogios ao atendimento realizado por profissionais do SUS foram encontrados, mesmo diante das dificuldades em tempos de crise, bem como postagens que evidenciavam o acesso gratuito e especializado a diversos tratamentos e procedimentos. Ainda nessa variável, notamos o uso da hashtag #VivaoSUS em 16 dos 39 tweets analisados.

No que diz respeito às variáveis temáticas e sua relação com os atores (Tabela 2), há uma prevalência de postagens dos perfis de Usuário da Rede Social (55,3%), com uma predominância de publicações sobre “O SUS no debate político eleitoral” e “Cortes e Desvios de Orçamento do SUS”, revelando a importância de atores não governamentais, não midiáticos e que não pertencem à esfera da saúde no debate político digital sobre a Saúde Pública. Já os campos políticos e midiáticos apresentaram um equilíbrio na participação de seus atores no debate sobre o SUS, com 19,9% e 18,6%, respectivamente, somando 38,5% do total de perfis. No campo político, as temáticas predominantes foram “Cortes e Desvios de Orçamento do SUS” e “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos”, enquanto no campo midiático, as postagens com maior prevalência foram “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos”, seguido de “Cortes e Desvios de Orçamento do SUS”. O campo da saúde representou a menor amostragem, correspondendo a 6,2% das postagens, com a prevalência das temáticas sobre “O SUS no debate pós-pandemia” e “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos”.


Os resultados também revelam a ascensão de discursos positivos e em defesa do SUS, em detrimento dos discursos de ordem pessimista que antecedem o período da pandemia. No que se refere ao posicionamento, a maioria dos tweets analisados era neutra quanto ao SUS (59,7%), enquanto 34,5% favoráveis e 5,8% contra o SUS. Na Figura 1, observam-se os posicionamentos e sua prevalência em relação às categorias de atores elencadas para o estudo.


Nas publicações neutras sobre o Sistema Único de Saúde, foi possível encontrar os debates elencados nas cinco variáveis temáticas, com informações validadas por fontes jornalísticas, boa parte delas com links, assumindo assim um tom informativo e impessoal, como o tweet a seguir exemplifica: “A repórter @CamilaTurtelli foi até o Maranhão investigar a história das cidades com verbas milionárias para tratamento pós- Covid pelo SUS — e conta tudo aqui”.

As postagens favoráveis ao SUS defenderam a democratização do acesso à saúde em repertórios sobre o papel do Estado e da saúde pública como bem comum, com destaque para o argumento do caráter público e gratuito do sistema do país, em comparação aos dos Estados Unidos da América. Os textos também destacaram a atuação contínua da instituição no combate à pandemia e no cotidiano dos usuários que dependem do sistema. Fundamentalmente, as mensagens favoráveis apresentaram a hashtag “VivaoSUS”, além de discorrerem sobre as experiências individuais dos usuários no acesso a atendimentos, tratamentos e medicamentos, demonstrando um alinhamento com as temáticas “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos” e “O SUS no debate pós-pandemia”. Por fim, as mensagens que apresentaram opiniões contrárias ao SUS exploraram o assunto por dois vieses temáticos: a “Qualidade do Atendimento e Acesso a Tratamentos e Procedimentos” e “Crise, Desmonte e Privatização do SUS”.


Entre os argumentos mais utilizados nas mensagens contrárias ao SUS estava a percepção de que aqueles que defendem esse sistema desconhecem seus problemas por não serem usuários dos serviços que o SUS oferece. Em particular, o nome do então candidato à presidência da república, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou um amplo número de menções nessa categoria de tweets contrários, que mencionaram os recentes exames que o candidato havia realizado no Hospital Sírio Libanês, bem como sua defesa em relação ao SUS nos debates eleitorais. Entre as menções a Lula encontradas nessas postagens destacam-se as seguintes: “Por que o Lula não usa o SUS?” e “O SUS é EXCELENTE que o senhor prefere faz exames no Sírio-Libanês” ou “Quem vê pensa que no SUS petista também é bem atendido” e ainda “Quando você foi no SUS, ex- presidiário, pergunta para ele Bolsonaro???”. Além da politização, algumas postagens contrárias ao SUS apresentaram a desinformação como estratégia narrativa, com informações falsas, distorcidas ou fora de contexto, como demonstra o post a seguir: “Governo do PT financiou hidroelétrica para a ditadura da Nicarágua enquanto menina brasileira morria por falta de recursos no SUS. Comentei o caso há oito anos na TV. Será que vão censurar esse vídeo? Bom, veja antes”.


Por último, importa destacar também que o posicionamento favorável ou neutro em relação ao SUS estava presente entre aqueles que apoiavam o ex-presidente Jair Bolsonaro, como exemplifica a mensagem a seguir:

Boa notícia para os portadores de Atrofia Muscular Espinhal (AME): o medicamento Zolgensma foi aprovado para distribuição via SUS. Esta é uma grande conquista para milhares de brasileiros, através de esforço do Governo

@jairbolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro.


Esse dado reflete um certo ajustamento discursivo do governo federal em relação ao SUS no ano político eleitoral de 2022, como forma de mitigação da imagem negativa resultante da gestão da pandemia, o que reverberou nas mensagens de apoiadores de Jair Bolsonaro no X/Twitter.


DISCUSSÃO


As disputas de informação sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) estiveram presentes em vários momentos da história da saúde pública no Brasil. O SUS teve sua gênese nos anos 1970, a partir de movimentos sociais e políticos contra a ditadura e pela Democratização do Estado, na defesa por direitos humanos básicos universais (Arouca, 1987, 1988; Heimann; Ibanhes; Barbosa, 2005; Paim et al., 2011). Antes da Constituição de 1988, o setor da saúde pública no Brasil possuía caráter majoritariamente privado, sendo subsidiado com recursos do fundo público (Santos, 2013). O surgimento do SUS e sua consolidação nos anos 1990 promoveu uma ampliação do caráter público do setor, contudo, sem uma ruptura com o setor privado, mantendo-se assim em diálogo complementar (Santos; Ugá; Porto, 2008; Ocké-Reis; Sophia, 2009; Silva; Ruiz, 2020). Tais contradições e fragilidades históricas, representadas pelo diálogo entre público e privado no setor de saúde brasileiro, intercedida pelo papel do Estado e do fundo público na sua regulação e financiamento, tem servido de combustível para o debate público que se estabeleceu sobre o papel do SUS em face à pandemia da Covid-19 (Narvai, 2023; Moraes et al., 2017; Machado, 2023).

Apesar de uma prevalência baixa, os posicionamentos contrários estiveram presentes no debate público no X/Twitter durante as eleições presidenciais de 2022. Ao longo do ano de 2022, atores governamentais e não-governamentais não só foram sujeitos na difusão de discursos contrários relacionados a essa instituição, como também foram produtores ativos de discursos em defesa da autorregulação do SUS pelo mercado e sua privatização.


Historicamente, o SUS foi apresentado discursivamente nas mídias tradicionais como um sistema limitado e contraditório, repleto de problemas e déficits, sendo impossível de ser gerido e operado (Silva; Ruiz, 2020; Menicucci, 2000; Silva; Rasera, 2014; Machado, 2020). A mídia tradicional fez parte ativa desse processo, priorizando historicamente mais os problemas e gargalos do sistema, em detrimento de suas experiências exitosas e avanços administrativos (Machado, 2023; Malinverni; Cuenca, 2017). Contudo, com o avanço da pandemia do coronavírus e a atuação contínua do SUS em tempos de crise sanitária, discursos em apoio e defesa da instituição e da democratização do acesso à saúde passaram a se fazer presentes nas dinâmicas discursivas dos meios de comunicação no Brasil e no ambiente das redes sociais digitais (Bousquat et al., 2021; Recuero; Soares; Zago, 2021; Carvalho et al., 2023). Tratou-se, portanto, de um período marcado não só pelo fenômeno da desinfodemia, sendo seus difusores atores governamentais e não governamentais que adotaram as plataformas de redes sociais para difundir campanhas com conteúdos falsos, como também representou um momento no qual o debate público sobre a importância histórica e continuada do SUS se renova, ganhando maior densidade e visibilidade (Narvai, 2023; Moraes et al., 2017; Machado, 2023). Em particular, as disputas de informação sobre o SUS ocorridas na plataforma do X/Twitter nesse período, tiveram papel preponderante na construção discursiva realizada pela mídia sobre a situação da saúde pública em nosso país, revelando as potencialidades dessa plataforma no agendamento da imprensa.

O ano político eleitoral de 2022 foi profundamente propício para o estabelecimento de uma imagem menos pessimista e mais informada sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Especialmente, no período das eleições presidenciais, a imagem do SUS perante a opinião pública foi instrumentalizada politicamente no debate público digital em repertórios sobre o papel do Estado e da saúde pública como bem comum, revelando uma certa amplificação dos discursos em defesa do SUS e não se limitando a um debate somente focado em suas crises, contradições e deficiências, narrativa que durante muito tempo prevaleceu no enquadramento das mídias tradicionais (Cardoso; Rocha, 2018; Santos et al., 2022).


A prevalência de discursos favoráveis, por parte de usuários comuns, enfatizou a importância do acesso equitativo à saúde e das experiências individuais dos usuários como elementos cruciais na defesa do SUS, e a valorização da instituição como um exemplo para outros países. O destaque do discurso de valorização e defesa do SUS nas discussões do X/Twitter, evidenciando sua natureza pública e gratuita em comparação com outros sistemas de saúde, como o dos Estados Unidos da América, reafirma a relevância duradoura da instituição para a população brasileira. Mesmo diante das contradições e vulnerabilidades históricas, esses elementos foram cruciais nas conversas públicas sobre o papel do SUS durante a pandemia de Covid-19. Além de expor as persistentes deficiências e desafios enfrentados no âmbito da saúde pública devido ao subfinanciamento crônico do Sistema, a vulnerabilidade experimentada pela população brasileira durante a pandemia parece ter evidenciado de forma mais clara a importância contínua do SUS para o país (Costa; Rizzotto; Lobato, 2020; Henriques; Vasconcelos, 2020). Essa participação, manifestada por usuários comuns na plataforma, pode ser interpretada como um sinal do interesse e da preocupação generalizada da população em relação à saúde pública.

A atuação dos diferentes atores e campos, como político, midiático e da saúde, demonstra a complexidade das narrativas construídas em torno do SUS. Nos campos político e midiático, a participação indica que tanto políticos quanto veículos de comunicação desempenharam papéis cruciais no debate na plataforma, delineando debates sobre desvios orçamentários e falta de atendimento adequado no sistema. A baixa representação do campo da saúde destaca uma oportunidade perdida para incorporar perspectivas mais especializadas e embasadas nas questões técnicas do sistema de saúde, espaço conquistado por profissionais de saúde ao longo da pandemia, e em especial, em um contexto de desinformação e polarização política em saúde (De Souza et al., 2020; Galhardi et al., 2020; Massarani et al., 2021b; Pinto; Carvalho, 2023). A polarização de opiniões sobre o SUS, evidenciada pelos posicionamentos favoráveis e contrários, destaca a complexidade e a sensibilidade do tema e a urgência em maior investimento na presença de profissionais qualificados para debater o sistema de saúde nas mídias sociais e campanhas de reforço da percepção adquirida sobre a importância do sistema público de saúde para a população.


As cinco temáticas identificadas – o SUS no debate político eleitoral, o SUS no debate pós-pandemia, crise, desmonte e privatização do SUS, cortes e desvios no orçamento do SUS, qualidade do atendimento e acesso a tratamentos e procedimentos – oferecem uma visão ampla dos tópicos que permearam as discussões. A distribuição dessas temáticas nas publicações reflete a relevância e a diversidade das preocupações dos usuários do Twitter durante o período eleitoral. Destaca-se que a temática relacionada a cortes e desvios no orçamento do SUS foi proeminente no debate, indicando uma forte preocupação com a gestão financeira do sistema, discurso presente nos repertórios midiáticos e políticos desde a sua criação (Paim, 2018). As contradições e fragilidades históricas do SUS, evidenciadas na interação entre setor público e privado na área da saúde no Brasil, mediadas pela atuação do Estado e do financiamento público para regulação, tornaram-se elementos impulsionadores para as discussões públicas que surgiram sobre o papel do SUS diante da pandemia de Covid-19. Mais do que revelar as constantes insuficiências e as dificuldades enfrentadas na saúde pública, dado o subfinanciamento crônico do Sistema, o desamparo do povo brasileiro com a pandemia parece ter ajudado a descortinar a importância continuada do SUS para o país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


As disputas de informação no X/Twitter durante as eleições de 2022 revelaram a profundidade da polarização política e o impacto nocivo da desinformação na saúde pública brasileira, particularmente no que se refere ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em períodos eleitorais, as fake news tornaram-se uma ameaça crítica à integridade democrática, manipulando a percepção pública e distorcendo o debate sobre políticas essenciais, como a gestão do SUS. O ambiente digital, especialmente as redes sociais, tem sido um campo fértil para a propagação dessas narrativas falsas, frequentemente amparadas pela defesa da liberdade de expressão, que, embora fundamental, não pode servir de pretexto para a disseminação de mentiras e teorias conspiratórias.


A aquisição do Twitter por Elon Musk e as mudanças radicais implementadas na plataforma, como a transição para o modelo de serviço pago e o afrouxamento das regras de verificação de contas, agravaram os desafios relacionados à regulação da desinformação. O embate com a justiça brasileira, que culminou no fechamento temporário da plataforma por não atender às exigências judiciais sobre a moderação de conteúdo, ilustra a crescente tensão entre a liberdade de expressão e a responsabilidade social das plataformas. Em tempos eleitorais, essa tensão é ainda mais pronunciada, quando a circulação de fake news pode influenciar diretamente os resultados e a confiança nas instituições democráticas.


Diante desse cenário, é urgente que as plataformas digitais desempenhem um papel mais proativo na identificação e combate à desinformação, sem comprometer a liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, as autoridades brasileiras precisam reforçar políticas que assegurem o equilíbrio entre um debate público saudável e a proteção contra conteúdos prejudiciais, especialmente em períodos de crise política e sanitária. Apenas com esse esforço coordenado será possível preservar a integridade da informação e garantir que o espaço digital promova discussões baseadas em fatos e evidências, contribuindo positivamente para o fortalecimento da democracia.

REFERÊNCIAS


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