EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE ALIADA À POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO/SUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CONTEXTO HOSPITALAR


Gabriella Rodrigues Sant’Anna, Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, Volta Redonda, RJ, Brasil.

ORCID 0000-0003-2304-9694

Ana Elisa Maia Santos, Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, Volta Redonda, RJ, Brasil.

ORCID 0009-0006-2927-1180


RESUMO


O presente artigo tem como objetivo apresentar relato de experiência do Núcleo de Educação Permanente, direcionada a área de educação hospitalar. Esta é uma proposta em conjunto com a equipe multiprofissional, constituída pelas áreas de Apoiador Institucional e Setor de Psicologia, tendo como ação o desenvolvimento de atividades de formação fundamentadas pela Política Nacional de Humanização e articulada na Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, reforçando a instituição como lócus de atividade educacional. O relato desta experiência retrata uma atividade desenvolvida no âmbito do Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, localizado em Volta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro, entre os meses de janeiro e outubro de 2022, com um universo de 142 (cento e quarenta e dois) profissionais que participaram dos 10 (dez) encontros da atividade educacional, os quais compuseram a temática de discussão da empatia. Destaca-se, ainda, que as ações educacionais nas Unidades de Saúde se tornam um importante instrumento no cotidiano do trabalho, ao reforçá-lo com o lócus de formação, resultando melhoras na prestação do serviço com qualidade. Assim, reforçamos que as ações de educação permanente devem ocorrer continuamente nos serviços de saúde, baseadas nos princípios do SUS.


Palavras-chave: Equipe multiprofissional, Profissionais de Saúde, Humanização, Educação Permanente e Educação em Saúde.


INTRODUÇÃO


A Educação Permanente tem como eixo de direção a compreensão do ensino- aprendizagem incorporado no cotidiano do profissional, isto é, no lócus do trabalho. Esse termo surgiu pela primeira vez na França, em 1995, passando a ser difundida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1960.

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) tornou evidente a necessidade de mudança na formação dos profissionais de saúde. No Brasil esses profissionais são formados com grande domínio de técnicas, porém diversas vezes são incapazes de compreender a subjetividade e a diversidade da cultura das pessoas. Não são preparados para o trabalho de forma multi e inter-disciplinar e apresentam dificuldades de implementar os princípios do SUS no seu serviço diário (Almeida et al., 2016).


Ao dialogarmos com a citação acima, constata-se que a Educação Permanente fortaleceu os princípios e diretrizes do SUS, bem como traz à tona a necessidade de revisão do conceito Educação no lócus do trabalho, visando numa perspectiva crítica e transformadora, e não de execução, como historicamente foi disseminado numa relação de interesse da indústria. Diante disto, a Educação Permanente em Saúde (EPS) no Brasil, fortalecida pelo SUS, revela a importância de garantirmos uma qualificação profissional mais propositiva e despertando para centralidade do cotidiano do trabalho como um espaço de transformação:


A Educação Permanente em Saúde (EPS), inserida pelo Ministério da Saúde como uma política de saúde no Brasil por meio das Portarias nº 198/2004 e nº 1.996/2007, tem como objetivo nortear a formação e a qualificação dos profissionais inseridos nos serviços públicos de saúde, com a finalidade de transformar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho com base nas necessidades e dificuldades do sistema (Ferreira, 2019).


Portanto, a EPS na execução de suas atividades nas Unidades de Saúde tem um grande desafio para assegurar o acesso ao conhecimento a todos os profissionais, a fim de desencadear mudanças no processo de trabalho.


Sem dúvida, a PNEPS promoveu avanços na área da educação na saúde, requer, no entanto, esforços de articulação de parcerias institucionais entre serviço e ensino, educação e trabalho, numa perspectiva dialógica e compartilhada. A aposta é de fortalecer a EPS como norteadora de novas práticas que orientam a reflexão sobre o processo de trabalho e a construção de atividades de aprendizagem colaborativa e significativa, favorecendo o trabalho em equipe, a gestão participativa e a corresponsabilização nos processos de ensino-aprendizagem, para o alcance dos objetivos estratégicos do SUS (Brasil, 2018).

Para isso, é necessária a utilização de metodologia de ensino que vise facilitar o aprendizado, possibilitando ao profissional criar, planejar e avaliar suas próprias ações.


Dentre os serviços que compõem a rede de atenção à saúde, no âmbito do SUS, encontra-se o serviço de atenção hospitalar, o qual compõe, inclusive, um dos cenários da prática de formação de recursos humanos, de produção de conhecimento e se constitui num campo de ensino, pesquisa e extensão. Nesse contexto, a EPS consiste no desenvolvimento pessoal, potencializada pelas ações educativas e que ampliam os espaços de diálogos, promovem a capacitação técnica, a aquisição de novos conhecimentos, conceitos e atitudes. A existência da EPS, no contexto hospitalar, propicia a construção coletiva, fomenta a aprendizagem significativa e amplia a possibilidade de implementar mudanças almejadas nas ações de educação em serviço (Adamy et al., 2018).


Direcionado pelos marcos legais e os conceitos centrais que fundamentam a Política de Educação Permanente, o Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, em conjunto com a equipe multiprofissional – composta pela Coordenação do Núcleo de Educação Permanente (NEP), a equipe de Apoiador Institucional e a Coordenação de Psicologia –, buscam desenvolver ações educacionais para os profissionais, tendo como objetivo central ampliar o conhecimento sobre temáticas que relacionam com o exercício profissional, repercutindo numa melhora na qualidade da assistência prestada aos usuários.


Fundamentado por estes conceitos, na compreensão sobre a Educação Permanente na interface do cotidiano profissional, a coordenação do NEP propôs um ciclo de capacitação com tema transversal, podendo alcançar todos os profissionais, de modo a refletir sobre humanização e estimular o desenvolvimento da habilidade de acolher, tomar decisão e prestar atendimento com o olhar do todo, frente aos vários aspectos do processo saúde e doença, que compõem a necessidade do cuidado a cada usuário.


Frente ao exposto, numa perspectiva de promover uma reflexão dos profissionais quanto às ações realizadas cotidiano do trabalho, que nos desperta para uma dimensão da reprodução ao invés da reflexão, foi selecionada como temática “Empatia” ao compreender sobre a necessidade de olhar para o outro. Por ora, ressaltamos também que este tema teve como fundamento a Política Nacional de Humanização (PNH) com o olhar sobre o papel do acolhimento nas ações de saúde.


A Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (PNH) foi criada em 2003 pelo Ministério da Saúde e pactuada na Comissão Intergestores Tripartite e Conselho Nacional de Saúde. A PNH é, portanto, uma política do SUS. Também chamada de HumanizaSUS, a PNH, emerge da convergência de três objetivos centrais: (1) enfrentar desafios enunciados pela sociedade brasileira quanto à qualidade e à dignidade no cuidado em saúde; (2) redesenhar e articular iniciativas de humanização do SUS e (3) enfrentar problemas no campo da organização e da gestão do trabalho em saúde que têm produzido reflexos desfavoráveis tanto na produção de saúde como na vida dos trabalhadores (Pasche; Passos; Hennington, 2011).


Vale ressaltar, ainda, que os objetivos centrais da Política Nacional de Humanização, por meio do debate do tríplice inclusão, lança luz ao debate da autonomia, protagonismo e corresponsabilidade por sujeitos e processos. Assim, aproxima-se dos debates da PNEP, que objetivam a qualificação e o aperfeiçoamento do processo de trabalho, orientando-se para a melhoria do acesso, qualidade e humanização na prestação de serviços.


A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si (Brasil, 2023).


Cabe retratar que a escolha do tema “Empatia” está interligada na PNH, por assegurar a valorização dos processos de mudança dos sujeitos na produção de saúde, ou seja, a humanização trazendo à tona conceito das relações humanas, valendo dizer, respeito, solidariedade, compaixão, bondade, a própria empatia, entre outros. Todos esses conceitos estão relacionados à sociabilidade do ser humano, bem como a manutenção de uma interface direta com o cotidiano institucional da área da saúde, que passa a requer cada vez mais um olhar uma humanizado na materialidade do exercício profissional.

A empatia é considerada um elemento central nas relações entre profissionais da saúde e seus pacientes, trazendo benefícios para ambos. Pode ser entendida como um dos elementos que contribui para a melhor compreensão dos aspectos dinâmicos das interações sociais em saúde. O cuidado empático envolve a valorização da equidade em saúde, com sensibilização recíproca entre profissional e paciente, e do reconhecimento do outro em sua singularidade e complexidade. Assim, necessário para as profissões da área da saúde (Mufato; Gaíva, 2019).


O debate sobre empatia vem ganhando espaço nas discussões do campo da saúde e, ao abordar esse tema, seria relevante ampliá-lo, pois fomenta uma discussão de comunicação entre pares, isto é, profissionais de saúde e equipe, bem como profissionais de saúde e usuários. Deste modo, possibilita-se uma compreensão de interesses, necessidades e experiências marcadas por um conjunto de ações que foram permeadas pela vivência e troca de experiência em cada um dos encontros realizados.


O objetivo deste artigo foi relatar a experiência das autoras no desenvolvimento de atividade educacional, que buscou despertar o olhar para as ações educacionais realizadas em grupo com troca de experiência. Isso porque, as atividades de ensino-aprendizagem são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Além disso, reforça também o espaço da instituição como um caminho para ações educacionais, fortalecendo os processos de gestão político-institucional do SUS.


Outrossim, o presente artigo relata as etapas realizadas na atividade educacional com os profissionais de saúde, através da apropriação das metodologias de ensino ativa, sendo essas menos baseadas na transmissão de informações e mais no desenvolvimento de habilidades, permitindo que os participantes sejam protagonistas no processo de construção do seu próprio conhecimento. Ressaltamos que as escolhas das técnicas foram fundamentais para assegurar um bom diálogo.


METODOLOGIA


Tipo de estudo

Este estudo apresenta sobre o relato de experiência dos profissionais responsáveis pelas ações educacionais num hospital secundário, razão pela qual optamos em apresentar o resultado fruto do preenchimento dos formulários de participação ao término de cada atividade. Este tipo de modalidade tem como função primordial assegurar o registro da realidade mediante a narração dos acontecimentos, além do percurso desenvolvido durante a atividade descrita na narrativa.


O local e perfil dos participantes da atividade educacional


A atividade educacional foi realizada no auditório do Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, com profissionais de saúde, entre os meses de janeiro e outubro, conforme programação do Plano Anual de Educação Permanente de 2022.


Visando assegurar a materialidade dos princípios do SUS no cotidiano do trabalho e de reavaliar os modos de gerir e cuidar dos profissionais que atuam no hospital, através do PNH e PNEPS, o Núcleo de Educação Permanente aborda, anualmente, temas que estejam relacionados à humanização do atendimento, utilizando metodologia de ensino ativa como estratégia de formação e desenvolvimento profissional de saúde, de forma a impactar e sensibilizar o participante da atividade educacional a refletir sobre suas ações.


Neste cenário, entende-se, como profissional de saúde, todo trabalhador do contexto hospitalar que atua, de forma direta ou indireta, na assistência ao usuário nos diferentes seguimentos.


Planejamento da atividade educacional “Empatia”


A proposta inicial da atividade educacional surgiu em dezembro de 2021, durante a elaboração do Plano Anual de Educação Permanente de 2022 mediante uma demanda do Grupo de Trabalho Humanizado (GTH). Este é responsável pela Apoiadora Institucional que também é representante da Política Nacional de Humanização (PNH) da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

O GTH é composto por gestores, profissionais de saúde e, sempre que possível, convida acompanhante e visitante para participarem das reuniões, mantendo uma interface com os princípios da PNH, visando, assim, uma melhora no processo de trabalho e na qualidade da assistência prestada aos usuários.


Desta forma, após uma reunião de trabalho entre a Apoiadora Institucional com a coordenação do NEP, constatou se a necessidade de abordar a temática “Empatia”. Por se tratar de um tema subjetivo, foi avaliada a necessidade de composição com Coordenação de Psicologia, pelo diálogo que mantém com a relação de sentimentos e emoções. Por outro lado, também reforça a necessidade de constituir frentes de trabalhos, baseados numa perspectiva multiprofissional pela troca dos saberes e experiências.


A partir disto, deu-se início a busca de referências teóricas sobre a temática, associando a PNH e PNEPS para subsidiar a elaboração da atividade educacional, bem como a definição da metodologia de ensino para compor a discussão, utilizando uma linguagem acessível e objetiva, com isso, fomentando que o profissional desperte para refletir e reinventar sobre seu processo de trabalho, com ações que passem a gerar mudança na relação com o usuário, influenciando diretamente no serviço de saúde.


Para o desenvolvimento da atividade educacional, foi apropriado o uso de recurso audiovisual para apresentação dos conteúdos (slides e vídeos) e dinâmicas de grupo, na qual o profissional de psicologia abordou sobre a estigmatização e percepção dos profissionais sobre o tema empatia.


Além disso, foi elaborado um informe para divulgação da atividade educação para todos os profissionais de saúde, sendo este disponibilizado no quadro de aviso. Ademais, foi realizado o envio de mensagem instantânea, por um aplicativo, para cada profissional que a equipe do NEP tem o contato, sendo utilizada esta técnica de divulgação numa perspectiva de ampliação no acesso aos profissionais da instituição.


As etapas desenvolvidas da atividade educacional

A atividade educacional foi divido em 03 (três) momentos, sendo que, o primeiro momento, foi à abertura com a Apoiadora Institucional e teve como objetivo sensibilizar sobre a importância dos profissionais realizarem o atendimento de modo humanizado e empático, tanto com os usuários do serviço de saúde, quanto entre os profissionais, baseados nos princípios (transversalidade; indissociabilidade entre a atenção e gestão; protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos) e diretrizes (acolhimento; gestão participativa e cogestão; ambiência; clínica ampliada e compartilhada; valorização do trabalhador; defesa dos direitos dos usuários) do PNH.


No segundo momento, a Coordenadora da Psicologia apropriou-se de dinâmica/vivência direcionada pelo conceito da empatia para aproximar os participantes, solicitando que os mesmos desenhassem ou escrevessem sobre o “Melhor de Mim”, e, na sequência, deveriam presentear o profissional ao seu lado, expondo o motivo por tal escolha. Dessa forma, fomentando o momento de associar com sentimento cotidiano que pode ser despertado no trabalho, considerando os pressupostos da PNEPS de utilização de aprendizagem significativa, problematização e reflexão no processo do trabalho.


Por último, no terceiro momento, a Coordenadora do NEP apresentou o conceito de empatia e o vídeo “Sentimentos Empatia”. Abriu-se, então, a oportunidade de ser discutida em grupo a relação da empatia com o processo de trabalho, sendo que a atividade educacional foi finalizada com vídeo “Institucional da Cleveland Clinic”, visando satisfação e valorização do próximo, possibilitando reflexões críticas e articulando soluções estratégicas em coletivo, por meio de uma prática pedagógica, a qual está inserida no desenvolvimento e na consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) através dos preceitos da PNH e PNEPS.


Cabe retratar que esses 03 (três) momentos acima relatados ocorreram em mais de 01 (um) encontro, sendo que as temáticas apresentadas tiveram início em uma atividade e depois foram aprofundadas nos demais encontros. Diante de tal contexto, foram realizados 10 (dez) encontros, possibilitando, por via de consequência, uma reflexão para as possíveis mudanças de atitude.


Assim, ao término de cada atividade sobre “Empatia”, os profissionais responderam o formulário de avaliação de reação, possibilitando a equipe do NEP avalia-se o nível de receptividade dos participantes.


DISCUSSÃO E RESULTADOS


Por meio da lista de presença foi possível mensurar o quantitativo de 142 (cento e quarenta e dois) participantes da atividade educacional, conforme demonstra a tabela abaixo:


Este quantitativo caracterizou-se, em sua maioria, pela equipe de enfermagem, com 106 (cento e seis) participantes, representando 74,63% do total dos participantes da atividade, e 36 (trinta e seis) participantes das demais áreas, ou seja, 25,35% do total de participantes. A maior participação dos profissionais de enfermagem se dá pelo fato de que os mesmos representam o maior quantitativo de profissionais na Unidade hospitalar em questão.


Para compreender a percepção da atividade por parte dos participantes, foi aplicado o formulário de avaliação de reação, que contém 08 (oito) questões fechadas (objetiva) e 03 (três) abertas (discursiva), sendo que, do universo dos 142 (cento e quarenta e dois) profissionais que participaram da atividade, tem-se que 106 (cento e seis) preencheram os formulários, salientando-se que não era obrigatório responder tal formulário.


Optamos por analisá-los pelo método qualitativo, que mantém uma relação com percepção, significado e valores, de modo a estabelecer uma interface mais apropriada com o objeto do estudo.


No que se refere às perguntas fechadas, foram tratadas somente como sistematização dos dados, nas quais os profissionais que participaram responderam avaliando a atividade educacional, como: ótimo, bom, regular ou insatisfatório. Tal classificação está relacionada aos seguintes eixos: temas, organização, recursos audiovisuais (TV, DVD, Datashow), horário da atividade educacional e o mediador. Segue abaixo o gráfico apresentando a classificação geral da atividade educacional:


Frente aos dados apresentados, podemos observar que 105 (cento e cinco), ou seja, 99% (noventa e nove porcento) dos profissionais participantes avaliaram como satisfatório, em outras palavras, consideram ótimas ou boas as atividades realizadas sobre esta temática.

No que se referem à percepção dos participantes, estes também apresentaram em seus relatos como satisfatório, o que foi evidenciado nas respostas abertas de alguns participantes referentes aos pontos positivos da atividade educacional.


Ao analisarmos cada uma das considerações, constata-se uma satisfação frente à participação na atividade educacional, retratando sobre a oportunidade de assegurar um espaço de reflexão por meio técnico, fomentando outro olhar para demandas institucionais cotidianas.


Com relação à escolha da temática da empatia, esta pode ser considerada como uma habilidade que pode e deve ser valorizada ao longo de todo o desenvolvimento do indivíduo, pelo fato de ser fazer presente tanto na relação profissional, bem como na vida pessoal. Assim, podemos constatar, em respostas de alguns participantes, a descrição de sentimento intrínseco ao ser e como uma atividade adequada valoriza suas ações.


Outros participantes, ao avaliarem a atividade, compartilharam relatos ou situações já vivenciadas em suas vidas pessoais e profissionais, que manteve uma interface com o tema e os debates fomentados nas atividades de capacitação.


Diante disso, podemos considerar que, através dos feedbacks, o nível de engajamento dos participantes na atividade educacional, bem como uma reflexão da necessidade de assegurar um espaço no cotidiano para abordar temática de temas transversais, que se fazem presentes nas relações diárias e interpessoais dos serviços de saúde.


Frente ao exposto, consideramos como positivo o discurso dos profissionais a partir da percepção dos relatos nos formulários, onde se constata a importância da abordagem de temas transversais nas relações institucionais, uma vez que esta é uma discussão aliada com os princípios da PNH e PNEPS.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos desafios contínuos aos profissionais do NEP e dos representantes da área da educação nas Unidades de Saúde, é a elaboração de ações educacionais com temas que abrange a Política Nacional de Humanização, por meio de ações que sensibilizem a participação da equipe, para, com isso, proporcionar um momento de reflexão para o despertar de temas que mantém uma relação interpessoal, por compreender que o cotidiano do trabalho é movido por pessoas, sendo estes condutores dos processos.


A atividade educacional propiciou uma reflexão sobre a temática, de modo acessível e dinâmico a respeito das atitudes empáticas, os quais devem ser trabalhados de modo a inseri- los na rotina de vida e, principalmente, no ambiente hospitalar. Diante disto, a Coordenação de Psicologia foi fundamental para compor esta atividade educacional de modo interdisciplinar, pela condução de temas relacionados a comportamentos e sentimentos no ambiente hospitalar, proporcionando um espaço interativo.


Denota-se, assim, sobre a importância no processo de execução das atividades educacionais, assegurando o momento do planejamento, escolha das atividades, recursos digitais e formas de avaliação, tudo direcionado pelo Plano Anual de Educação Permanente. Possibilita-se, assim, acrescentar neste espaço o diferencial da apropriação das técnicas da metodologia ativa, sendo essa uma ferramenta criativa que estimula o interesse na participação por parte dos profissionais de saúde.


Diante disso, consideramos que foi possível demonstrar no presente artigo a ação educacional planejada e como a metodologia de ensino ativa pode sensibilizar os profissionais de saúde que participaram da atividade, estimulando o pensamento crítico e reflexão de suas ações e comportamentos no cotidiano de seu trabalho e, consequentemente, melhora na qualidade da assistência prestada aos usuários da Unidade.


Por isso, ressaltamos sobre a importância das ações de Educação Permanente ocorrerem de modo contínuo nos serviços de saúde, sendo este um importante espaço para reforçar temáticas transversais que repercutirá nas relações interpessoais nas Unidades de Saúde.


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